"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares.
É tempo de travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos."

Fernando Pessoa







Não sou novela..... mas pode me acompanhar.

quinta-feira, outubro 29, 2009




O grande segredo de todas as mulheres com relação aos banheiros é que
quando pequenas, quem as levava ao banheiro era sua mãe. Ela ensinava a
limpar o assento com papel higiênico e cuidadosamente colocava tiras de
papel no perímetro do vaso e instruía:
"Nunca, nunca sente em um banheiro público"
E, em seguida, mostrava "_a posição_", que consiste em se equilibrar
sobre o vaso numa posição de sentar sem que, no entanto, o corpo não
entre em contato com o vaso.
"A Posição" é uma das primeiras lições de vida de uma menina, super
importante e necessária, e irá nos acompanhar por toda a vida. No
entanto, ainda hoje, em nossa vida adulta, "a posição" é dolorosamente
difícil de manter quando a bexiga está estourando.
Quando você TEM que ir ao banheiro público, você encontra uma fila de
mulheres, que faz você pensar que o Bradd Pitt deve estar lá dentro.
Você se resigna e espera, sorrindo para as outras mulheres que também
estão com braços e pernas cruzados na posição oficial de "estou me urinando".
Finalmente chega a sua vez, isso, se não entrar a típica mamãe com a
menina que não pode mais se segurar.
Você então verifica cada cubículo por baixo da porta para ver se há
pernas.
Todos estão ocupados.
Finalmente, um se abre e você se lança em sua direção quase puxando a
pessoa que está saindo.
Você entra e percebe que o trinco não funciona (nunca funciona); não
importa... você pendura a bolsa no gancho que há na porta e se não há
gancho (quase nunca há gancho), você inspeciona a área.. o chão está
cheio de líquidos não identificados e você não se atreve a deixar a
bolsa ali, então você a pendura no pescoço enquanto observa como ela
balança sob o teu corpo, sem contar que você é quase decapitada pela
alça porque a bolsa está cheia de bugigangas que você foi enfiando lá
dentro, a maioria das quais você não usa, mas que você guarda porque
nunca se sabe...

Mas, voltando à porta...
Como não tinha trinco, a única opção é segurá-la com uma mão, enquanto,
com a outra, abaixa a calcinha com um puxão e se coloca "na posição".
Alívio...... AAhhhhhh.....finalmente...
Aí é quando os teus músculos começam a tremer ...
Porque você está suspensa no ar, com as pernas flexionadas e a calcinha
cortando a circulação das pernas, o braço fazendo força contra a porta e
uma bolsa de 5 kg pendurada no pescoço.
Você adoraria sentar, mas não teve tempo de limpar o assento nem de
cobrir o vaso com papel higiênico. No fundo, você acredita que nada vai
acontecer, mas a voz de tua mãe ecoa na tua cabeça "jamais sente em um
banheiro público!!!" e, assim, você mantém "a posição" com o tremor nas
pernas...
E, por um erro de cálculo na distância, um jato finíssimo salpica na tua
própria bunda e molha até tuas meias!! Por sorte, não molha os sapatos.
Adotar "a posição" requer grande concentração. Para tirar essa desgraça
da cabeça, você procura o rolo de papel higiênico, maaassss, puuuuta que
o pariuuuu...! O rolo está vazio...! (sempre)
Então você pede aos céus para que, nos 5kg de bugigangas que você
carrega na bolsa, haja pelo menos um miserável lenço de papel. Mas, para
procurar na bolsa, você tem que soltar a porta. Você pensa por um
momento, mas não há opção...
E, assim que você solta a porta, alguém a empurra e você tem que
freiá-la com um movimento rápido e brusco enquanto grita OCUPAAADOOOO!!!
Aí, você considera que todas as mulheres esperando lá fora ouviram o
recado e você pode soltar a porta sem medo, pois ninguém tentará abrí-la
novamente (nisso, as mulheres se respeitam muito) e você pode
procurar teu lenço sem angústia. Você gostaria de usar todos, mas quão
valiosos são em casos similares e você guarda um, por via
das dúvidas. Você então começa a contar os segundos que faltam para você
sair dali, suando porque você está vestindo o casaco já que não há
gancho na porta ou cabide para pendurá-lo. É incrível o calor que faz
nestes lugares tão pequenos e nessa posição de força que parece que as
coxas e panturrilhas vão explodir. Sem falar da porrada que você levou
da porta, a dor na nuca pela alça da bolsa, o suor que corre da testa,
as pernas salpicadas...
A lembrança de tua mãe, que estaria morrendo de vergonha se te visse
assim, porque sua bunda nunca tocou o vaso de um banheiro público,
porque, francamente, "você não sabe que doenças você pode pegar ali"
... você está exausta. Ao ficar de pé você não sente mais as
pernas. Você acomoda a roupa rapidíssimo e tira a alça da bolsa por cima
da cabeça!...
Você, então, vai à pia lavar as mãos. Está tudo cheio de água, então
você não pode soltar a bolsa nem por um segundo. Você a pendura em um
ombro, e não sabendo como funciona a torneira automática, você a toca
até que consegue fazer sair um filete de água fresca e estende a mão em
busca de sabão. Você se lava na posição de corcunda de notre dame para
não deixar a bolsa escorregar para baixo do filete de água... O secador,
você nem usa. É um traste inútil, então você seca as mãos na roupa
porque nem pensar usar o último lenço de papel que sobrou na bolsa para
isso.
Você então sai. Sorte se um pedaço de papel higiênico não tiver grudado
no sapato e você sair arrastando-o, ou pior, a saia levantada, presa na
meia-calça, que você teve que levantar à velocidade da luz, e te deixou
com a bunda à mostra!
Nesse momento, você vê o teu carinha que entrou e saiu do banheiro
masculino e ainda teve tempo de sobra para ler um livro enquanto
esperava por você.

"Por que você demorou tanto?"

pergunta o idiota.

Você se limita a responder

"A fila estava enorme"

E esta é a razão porque nós mulheres vamos ao banheiro em grupo. Por
solidariedade, já que uma segura a tua bolsa e o casaco, a outra segura
a porta e assim fica muito mais simples e rápido já que você só tem que
se concentrar em manter "_a posição_" e a dignidade.


Obrigada a todas as amigas que já me acompanharam ao banheiro e vcs
homens entendam nossa demora!


Recebi este texto por e-mail, sem autora, mas é a pura verdade. E que mulher já não passou por isso? Atire a primeira pedra aquela que não teve ao menos um terço desta "viagem" que é ir a um banheiro público.