"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares.
É tempo de travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos."

Fernando Pessoa







Não sou novela..... mas pode me acompanhar.

segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Saudade dói




Era festa, todo fim de semana. Crianças correndo, tias na cozinha. Chimarrão, caipirinha na casca de abacaxi. Sempre duas mesas, primeiro as crianças que é pra depois, deixar eles brincarem até dormir em pé. Depois a mesa cheia, muita conversa, muito riso, palhaçada mesmo. Mesmo falando de coisas sérias, sempre tinha um comentário idiota, tão idiota que o outro repetia e tudo virava uma grande gargalhada. Era assim, era bom. Que saudade.
Faz muito tempo que não tem mais. E a saudade aumenta, as pessoas se distanciaram. Mas porque? Alguns acontecimentos tiveram seu real valor. Uns trágicos, outros tristes, alguns alegres. Mas tudo isto acabou afastando todo mundo.
Assim era a casa da minha mãe. Ela ainda ta aqui, mas não tem mais casa. Agora até já tem de novo, mas onde estão todos? Cada um cuidando da sua vida. Onde ta aquela família grande, aquela criançada, aquela barriga que já está quase nascendo?
Sinto saudade de tudo, inclusive daquela criatura que era alcoólatra e agora não é mais, ao menos estava junto, comemorando (ou bebemorando). Sinto saudade da vizinha dizendo pra minha mãe: “Vizinha, sinto inveja da senhora. Que família bonita, sempre todo final de semana parece que tem festa”.
Ela era boa vizinha, apesar da inveja, que acredito ser da “boa”. Também foi embora.
Neste ano minha mãe completou 75 anos. Teve festa. Primos, tias, netos e filhos.
Não, só uma filha. Só eu estava lá. Os outros e principalmente as irmãs, não tinha nenhuma.
Uma mora em outro estado, outra estava na praia, e a outra trabalhando. Os filhos homens, cada um fazendo alguma coisa, sei lá o que.
Esta foto em que estamos todas juntas, eu minha mãe e minhas irmãs, me dá saudade, melancolia e tristeza. Aniversário da minha mãe, em 2001. A outra foto é agora, 2006. Só eu. Não sei quando estaremos todas juntas de novo, festejando, brincando ou simplesmente falando idiotices pra dar bastante risada.
O amor não morreu, está aí, presente, mas a vida encaminhou cada um pro seu lado. Tenho que aprender a lidar com isso, mas não é fácil. Saudade dói.

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

Êta perguntinha difícil de responder!


Tá, daí aquela pergunta caiu como uma bomba: “Amor, tu te anima a fazer uma torta fria”?
Como assim? Não to entendendo. Será que eu realmente não sei fazer uma simples torta fria?
Tudo bem que eu não sou nenhum pouco amiga das panelas, mas esta pergunta já é um pouco demais.
Bom, realmente há certo tempo, meu marido assumiu a cozinha. Vou continuar pensando que é porque ele gosta de cozinhar (e cozinha tri bem – a Grazi pode comprovar). Qualquer prato que ele faça, fica bom. Isso sem contar na hora de pôr a mesa. Uma simples refeição como arroz, feijão, carne e salada ficam parecendo mais um jantar especial de tão produzida que fica a mesa.
Mas ele é assim mesmo, quando ta a fim de fazer alguma coisa, faz bem feito. Já quando não ta com vontade, por favor, não insista!
Bom, mas deixa pra lá. Não gosto de cozinhar mesmo e acho que não é nenhum pecado e dou graças a Deus que não foi pela barriga que eu o conquistei.....hehehehehe.
Mas é carnaval, e adoro esta época em Porto Alegre que fica completamente vazia e apesar do perigo, pois com certeza alguns meliantes continuam por aqui aproveitando o abandono das casas, a cidade fica super tranqüila, boa pra quem gosta de sossego como eu. Não vamos nos estressar com esta perguntinha esquisita.
Voltando a torta fria......
Fiz. Com todo amor e carinho. E não é que ficou boa? Pois é, ele comeu que lambeu os beiços. Repetiu, repetiu e.... repetiu. Então realmente ficou boa. Que alívio, passei neste teste (foi minha primeira torta fria...hehehe!!). Mas como tudo não poderia ser assim uma Brastemp, acho que o visual não ficou lá estas coisas, ficou bem simples, sem enfeites de salsinha, tomate, etc, só a maionese. Mas o mais importante é que ficou saborosa, pois fiz com muito amor e muito carinho.
Aliás, eu sempre faço assim, com amor e carinho, posso até não estar muito afim, mas faço. De vez em quando me arrisco a bisbilhotar estes blogs de receitas culinárias, copio e guardo. Bem guardado, pra dar pra alguém ou enfiar no fundo da gaveta. Até tenho vontade de fazer algumas receitas e até faço, mas confesso que muitas vezes, apesar de toda minha dedicação, nem eu mesma gosto do resultado. Não que não dê para comer, mas fica assim meio sem graça sabe?

É, definitivamente eu e as panelas não nos damos muito bem, mas desta vez o resultado foi bom e eu consegui agradar meu chefe de cozinha favorito.

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Ataque de Fúria!










Fiquei meio apavorada com esta matéria que saiu no Fantástico, domingo passado, sobre Ataque de Fúria. O psiquiatra diz que quem o tem deveria procurar ajuda médica, fazer psicoterapia. Ai meu Deus!!!! Me segurem!!!! Mas pensando bem, quem um dia não teve seu ataque, seja de fúria de raiva, de ódio? Eu já tive alguns ao longo dos meus dourados anos de vida. Posso dizer que eles estiveram nesta linha do ódio ao ataque em si. Lembro bem deles e também me arrendo de alguns (ta bom... nem tanto!!!). Como dizia um ex-chefe meu: “É, a Luisa é faca na bota”. Outro dia fui no almoço mensal que tenho sempre com minhas amigas do meu antigo trabalho. Lá pelo meio da conversa, falando em guardar rancor, coisa e tal eu disse que isso só faz mal, guardar um sentimento que vai te corroendo e que fulana não deveria fazer assim, pois ela não consegue nem rever velhos amigos por causa disso. Então ela me responde: “Miga, mas tu é diferente, tu é “raivosa”, tu põe pra fora, não guarda, consequentemente consegue lidar melhor com a situação”. Incrível como é a análise que as pessoas fazem de ti.... morri de rir, porque na verdade eu sou assim mesmo, não sei guardar nada que me faça mal. Coloco pra fora, seja falando com a pessoa ou escrevendo pra ela. Fiz isto durante muito tempo, quando eu era criança, com minha mãe. Até pouco tempo ela ainda tinha as minhas cartinhas com minhas reclamações. Não sei porque eu fazia isto por escrito, mas acho que eu tinha medo e muito respeito por ela, então, encontrei uma forma de dizer pra ela tudo aquilo que me incomodava. Ela me chamava de mal-criada, desaforada. Sempre fui bem comportada também, educada, um pouco tímida, gostava de estudar, daí compensava. Será que Freud explica? Talvez, mas não quero ter um teti-a-teti com ele ainda. Com certeza durante muito tempo já fui mais “raivosa”, agora to mais tranqüila, mais madura, consigo contar até dez, talvez vinte ou às vezes não passo dos cinco, mas conto. Isso me dá uma certa tranqüilidade, acredito que os ataques vão diminuindo com o tempo, com a maturidade, assim não preciso de um psiquiatra (????). Até já pensei em fazer análise, um dia, talvez, quem sabe.

Enquanto isso, vou contando....... e cantando!

Há.... eu não mordo tá? Até que sou bem legalzinha...hehehehe.
Sobre a matéria: Ataque de Fúria no Fantástico, leia aqui:
E aí? Tu és normal?

quinta-feira, fevereiro 08, 2007

Finalmente, a água!


















Sábado, dia 03 de fevereiro de 2007. Toca a campainha lá de casa às 8:40h (ainda bem que sempre tem alguém que levanta de madrugada pra atender). Surpresa!!!! O pessoal do DMAE está atendento a uma solicitação feita por nós.


Meu marido mandou uns trezentos e-mails pedindo que eles providenciassem o estrago que eles mesmos fizeram há três anos (isso mesmo, três anos). Consertaram uma coisa e estragaram outra. Tiraram toda a pressão da água da nossa quadra.


Enquanto víamos os vizinhos jorrando água, nós e mais quatro casa, tínhamos que tomar banho de madrugada pra ter água o suficiente ou poderíamos mais tarde tomar banho em três opções: fervendo, gelado ou de caneca.


Incrível que durante todo este período, fizemos muitas reclamações, chamados, registros pessoais no DMAE e nada resolveram, só adiavam e pediam para aguardar o conserto. Mas finalmente, foram os inúmeros e-mails que meu marido mandou (os últimos já eram puro deboche, já que eles nem respondiam), que funcionou. Não avisaram nada, não acusaram recebimento dos e-mails, simplesmente apareceram de surpresa em pleno sábado de madrugada!!!


Coisa simples como tipo esburacar a rua, fechar os buracos e tudo está funcionando normal. Porque demoraram tanto tempo? Só sei de uma coisa: é muito bom ter água suficiente pra tomar um banho decente, sem esquecer claro de cooperar com a natureza e a proteger o planeta não demorando no chuveiro (tá.... pra descontar o atraso e a saudade da água, demorei bastante nos três primeiros banhos, mas já voltei à consciência), desligar a torneira enquanto escovo os dentes, enquanto ensaboa a louça..... estas coisas.


Ha, e o pessoal que trabalhou na obra está de parabéns, gente fina, decididos e prontos pra resolver o problema. Fiz até bolo pra dar pro pessoal de lanche, fora o suco e refrigerante que oferecemos, tamanha nossa alegria, festa total. Mas o pessoal mereceu.


Então tá, digo: VALEU DMAE ou PQP, ATÉ QUE ENFIM ARRUMARAM ESTA PO....?




Bjnhos



domingo, fevereiro 04, 2007

Filhote carente!


Em um dia destes, depois da chuva, passeava pelo nosso jardim em frente de casa, um pardal e seu filhote. Provavelmente mãe e filhote. Mas para nossa surpresa ele não conseguiu levantar vôo com a mãe e ela o abandou. Deixou ele ali, sózinho. Ele tentou, correu, bateu asinhas, mas ficou ali no jardim andando de um lado pro outro, perdido.
Meu marido, então pegou ele e o levou pra dentro.
Enquanto preparávamos tudo para aquela noite, ele simplesmente se entregou a toda aquela gente que só queria saber de pegar, tocar e fazer carinho.
Ele mais parecia uma criança abandonada precisando de amor e afeto, tanto que em nenhum momento tentou levantar vôo e fugir. Ficou entregue. Deve ter pensado: "Já que não tem remédio, remediado estou. Vou ficar e curtir". Não preciso dizer que minha filha (que adora animais e diz que vai ser veterinária) amou aquele passarinho tão dócil e mimoso. Parecia até que ele estava acostumado a toda aquela "pegação". Meu marido preparou um ninho dentro de uma gaiola pra que ele pudesse ficar protegido e para mais tarde soltá-lo. Achávamos que sua estada lá em casa duraria alguns dias, mas infelizmente, não chegou a durar um dia inteiro. No outro dia, acredito, que ao ver a luz do dia, ele criou coragem e alçou vôo para a vida. Ficamos tristes com sua partida, mas espero que ele tenha conseguido sobreviver.
Foi bom enquanto durou.

Adeus pardalzinho!