"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares.
É tempo de travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos."

Fernando Pessoa







Não sou novela..... mas pode me acompanhar.

terça-feira, julho 15, 2008

PRAZERES PELA METADE

PRAZERES PELA METADE

(leila ferreira)

Não há nada que me deixe mais frustrada do que pedir sorvete de sobremesa,
contar os minutos até ele chegar e aí ver o garçom colocar na minha frente
uma bolinha minúscula do meu sorvete preferido ? uma só.
Quanto mais sofisticado o restaurante, menor a porção da sobremesa. Aí a
vontade que dá é de passar numa loja de conveniência, comprar um litro de
sorvete bem cremoso e saborear em casa com direito a repetir quantas vezes
a gente quiser, sem pensar em calorias, boas maneiras ou moderação.
O sorvete é só um exemplo do que tem sido nosso cotidiano.
A vida anda cheia de meias porções, de prazeres meia-boca, de aventuras
pela metade. A gente sai pra jantar, mas come pouco.
Vai à festa de casamento, mas resiste aos bombons.
Conquista a chamada liberdade sexual, mas tem que fingir que é difícil (a
imensa maioria das mulheres continua com pavor de ser rotulada de 'fácil').
Adora tomar um banho demorado, mas se contém pra não desperdiçar os
recursos do planeta.
Quer beijar aquele cara 20 anos mais novo, mas tem medo de fazer papel
ridículo.
Tem vontade de ficar em casa vendo um DVD, esparramada no sofá, mas se
obriga a ir malhar. E por aí vai.
Tantos deveres, tanta preocupação em 'acertar', tanto empenho em passar na
vida sem pegar recuperação...
Aí a vida vai ficando sem tempero, politicamente correta e
existencialmente sem-graça, enquanto a gente vai ficando melancolicamente
sem tesão..
Às vezes dá vontade de fazer tudo 'errado' ? deixar de lado a régua, o
compasso, a bússola, a balança e os 10 mandamentos.
Ser ridícula, inadequada, incoerente e não estar nem aí pro que dizem e o
que pensam a nosso respeito. Recusar prazeres incompletos e meias porções.
Até Santo Agostinho, que foi santo, uma vez se rebelou e disse uma frase
mais ou menos assim:
'Deus, dai-me continência e castidade, mas não agora'..
Nós, que não aspiramos à santidade e estamos aqui de passagem, podemos
(devemos?) desejar várias bolas de sorvete, bombons de muitos sabores,
vários beijos bem dados, a água batendo sem pressa no corpo, o coração
saciado.
Um dia a gente cria juízo. Um dia. Não tem que ser agora.
Por isso, garçom, por favor, me traga: cinco bolas de sorvete de
chocolate, um sofá pra eu ver 10 episódios do 'Law and Order', uma caixa
de trufas bem macias e o Richard Gere embrulhado pra presente ? não
necessariamente nessa ordem.
Depois a gente vê como é que faz pra consertar o estrago.


............... na falta de inspiração e tempo resolvi colar este texto que recebi por e-mail, portanto, como na internet nada se cria, tudo se copia e cola (inclusive eu) não sei se é da autora que está descrita acima.
O Richard Gere é por minha conta e risco.

3 comentários:

Graziana Fraga dos Santos disse...

oiee, saudade Lú!
adorei o texto... serve para o momento que estou vivendo... acho que farei uma mudança 360º...to precisando!
bjocas

Anônimo disse...

Valeu a pena ser publicado.Somos escravos do disse me disse!!!!

Rosamaria disse...

Lu
Vou te contar: eu não deixo de comer o que gosto, prova está que estou engordando demais, pq não posso nem caminhar.
A frustração em ver só uma bolinha de sorvete é pra matar! Só maior pelo medo de fazer papel ridículo e não poder ganhar aquele presente embrulhado, huáhuáhuá

Bjim.