COMEÇANDO E JÁ ASSUNTANDO!

Linda, maravilhosa da tia!!!

Ontem eu estava assistindo a novela da Globo e me deparei com a cena em que a avó tem que levar os netos pra casa porque a mãe morreu no parto. A menina tem síndrome e Down e ela simplesmente renega a criança e diz explicitamente para a médica que quer levar somente o menino porque ele não tem "defeito". Isto me lembra uma história verídica de minha familia que aconteceu há 11 anos. Tenho dois sobrinhos filhos de meu irmão que nasceram há exatamente 11 anos e cuja mãe morreu de insuficiência cardíaca depois de 15 dias. Eles também tiveram que ficar um tempo no hospital porque eram miudinhos, não tinham peso suficiente para ir para casa. Minha cunhada e meu irmão já tinham um filho na época com 8 anos e então depois de tanto tempo resolveram aumentar a familia e dar mais um irmãozinho a ele. Ela ficou grávida e como toda grávida fez seu pré natal em um hospital público. Descoriram que eram gêmeos, mas infelizmente não constataram que ela tinha insuficiência cardíaca até os seis meses de gravidez que foi quando ela teve que ser internada às pressas. Ficou internada desde então até os bebes nascerem. Sabíamos que ela precisaria de um transplante, sem isso não conseguiria sobreviver. Quando eles nasceram, lembro que a levávamos pra ver os bebes em uma cadeira de rodas já que ela mal conseguia falar pela falta de oxigenação. Após 15 dias ela acabou falecendo. O que fazer? Com quem ficariam as crianças? Com a avó materna? Não poderia já que ela tinha história de insanidade (????). Minha mãe teve que assumir os dois nenes mais o neto de 8 anos. Foi uma barra!!!! Nós filhas mulheres, ajudáva-mos como podíamos. Um fim de semana na casa de uma, em outro na casa de outro e assim fomos levando. Meu irmão teve que ir morar com minha mãe para que estivesse junto com os filhos. Mas algo estava errado com a menina. Íamos periodicamente às consultas e sempre indagávamos com a pediatra o que poderia estar acontecendo, mas ela sempre dizia: é assim mesmo, as meninas desenvolvem-se mais lentamente que os meninos. Então tá, né, se a médica falou, aceitávamos. Mas ainda continuávamos com a dúvida. Depois de algum tempo descobrimos que ela tinha tido paralisia cerebral, o que gerou um atraso no desenvolvimento dela. Uma pena que tenha sido tarde, com quase 1 ano de idade, pois do contrário nós poderáimos ter procurado fazer com que ela tivesse tido atendimento especializado mais cedo. Mas enfim, aí começou toda uma luta e atendimento pra que ela conseguisse se desenvolver melhor. Ela começou a caminhar com 3 anos de idade, até então só engatinhava e rastejava pelo chão (haja roupa!!!!). Mas consegiu. Apesar de hoje em dia não caminhar com firmeza, ela tem autonomia dos seus movimentos. Come sozinha, se veste, toma banho e entende tudo o que falamos e pedimos, apesar de ainda não emitir uma palavra. Faz fisioteria todos os dias, natação no verão, equitação, fonoaudiólogo, etc, etc. E não pensem que temos condições financeira pra isso. Não temos não, ela faz tudo isso através de uma clínica que tem convênio com a prefeitura, não tenho bem certeza, mas com certeza não é paga. Enfim, o que quero dizer é que ela é uma criança linda, maravilhosa, esperta e que a amamos muito. Sempre a tratamos igual a todas as crianças de nossa familia, com amor, respeito, dedicação. Chamamos a atenção quando é necesário e damos carinho demais, demais, demais. Neste tempo todo foi minha mãe quem a criou praticamente sozinha, pois todas as filhas são casadas e moram longe. Ajudamos conforme podíamos, mas ela ficou com toda a responsabilidade das crianças, comida, banho, médico, atendimento total. Claro que nestes onze anos ela envelheceu 30 anos, pelo trabalho dispendido pra cuidar de gêmeos, já que na época ela estava com 62 anos e não é fácil cuidar de gêmeos tendo idade pra isso, imagina com 62. Por isso é que eu amo, admiro esta velhinha lutadora, batalhadora, que depois de criar 7 filhos, criou com muita sabedoria e sobretudo muito amor este dois amores de nossas vidas. Ha, o menino? lindo, esperto, inteligente, fala tudo, inclusive pela irmã (demais!!!!). Ele mora com minha irmã em Brasilia e ela esta morando atualmente com minha outra irmã aqui em POA, infelizmente separados pois a necessidade tem disso, às vezes temos que tomar decisões que não é o que gostaríamos, mas necessária. Tenho certeza que o essencial em nossas vidas é o amor e a fé que temos. Sem isso nada seríamos. Sejam bem vindos ao novo blog Mil Assuntos e comentem à vontade. Um beijo e bom Findi a todos.