"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares.
É tempo de travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos."

Fernando Pessoa







Não sou novela..... mas pode me acompanhar.

sábado, janeiro 27, 2007

Meus amores. Enfim amigos!



Pois é. Acho que assim como eu, muitas mulheres passaram por experiências de separação, filhos pequenos, novos amores, casamentos e consequentemente a rejeição, ciúme dos filhos em relação ao novo parceiro. Comigo foi assim.... e não foi fácil lidar com a situação.
Na época, meus filhos tinham nove e três anos de idade. Para o de três anos, que estava começando a querer entender o mundo, não foi difícil, tanto que ele e meu marido se adotaram um ao outro. Ele é o pai que ele conheceu, o pai que levava ao médico, levantava de madrugada para pegar o "quinho" (bico) que caia da cama enquanto ele dormia. Foi o pai que levou pra passear, comprar presentes, jogar bola (não muito pq meu marido tem pavor de futebol), etc, etc. Ele é o pai que ele conheceu, teve carinho e bronca também, que beija quando chega, que liga pra pedir dinheiro, enfim é a referência dele. Chama ele de pai e pronto.
Meu outro filho, na época com nove anos, teve toda esta atenção também. Bom, foi meio que às avessas, meio contrariado, pois pra ele, na cabecinha dele, aquele homem tinha sido o causador da desunião da família dele, do pai e da mãe, mesmo tendo presenciado as brigas, inúmeras vezes. Mas na época, ele era uma criança e com uma personalidade um tanto quanto difícil, quem disse que ele aceitaria? Nunca. Tive sempre que ser o elo pra manter a paz e a união dentro de casa. Todos que me conhecem sabem que amo meus filhos mais que tudo na vida, mas eu não poderia simplesmente deixar de ser feliz e ter comigo uma pessoa que além de me amar, me respeitava e valorizava por causa do ciúme do meu filho. Confesso que não foi fácil, mas também não foi uma tragédia, algo que não pudéssemos conviver. Tivemos muitas brigas, principalmente na época da adolescência dele. Se adolescente já é uma "criatura" um tanto quanto difícil de se entender, imaginem um adolescente, doente crônico de anemia falciforme e ciumento do padrasto? Bah, só eu sei. Foram dias que tiveram que ser cultivados com todo amor e carinho, tentando dosar tudo, ter lucidez e compreensão pra não pender nunca pra um lado só. Milhares de vezes, eu ouvia de ambas as partes que eu estava protegendo o outro lado. Com certeza estava, mas nunca fiz isso na frente deles. Sozinha com um dos lados, tentava sempre fazer com que eles se entendessem, entendesse o outro lado. Acho que muitíssimas vezes fui odiada por parecer estar protegendo o lado oposto quando na verdade o que mais queria era que eles ficassem amigos. Esta ponte que eu fiz e ainda faço muitas vezes me fez chorar muito, quase ruiu e em outras tantas vezes quase desisti de tudo. Mas como uma capricorniana teimosa que sou, não desisto tão fácil. Caio, ralo meus joelhos, mas levanto e sigo em frente, principalmente pela minha familia.
Bom, mas acho que agora depois de 17 anos de casamento, acredito que tenha dado resultado toda esta luta. Meu filho já está com 24 anos, é adulto e apesar de continuar ciumentinho tem uma boa relação com meu marido. Depois de 17 anos de luta, de tentar sempre mostrar um pro outro o lado bom de cada um, adivinhem? Eles ficaram tão amigos que tem "conversinhas" que eu nem tomo conhecimento. Se falam, combinam coisas entre si e me comunicam. Sim, comunicam o que estão fazendo e não me pedem opinião. É como se sempre tudo tivesse sido assim, super amigos.
Claro que eu até já dei umas diretas dizendo que é assim que eles me agradecem..... me excluindo, ora bolas!!!!!
Gente, claro que aqui tem um pouquinho de ciúme, mas o que eu quero dizer é que tudo isto me deixa muito feliz. Na realidade, eles sempre me procuram e dizem o que pensam, mas é que esta amizade veio à tona assim tão forte e de repente que eu tô é muito feliz. Feliz pelo meu filho entender a vida, feliz pelo meu marido tratar meu filho com o carinho que ele sempre quis e........meu filho deixar. Enfim, tô feliz porque agora mais do que nunca, acredito que tudo o que se faz pelo bem, pela paz, pela tranqüilidade, um dia tem retorno. Um dia teu jardim floresce, mesmo que tu não acredites que aquela terra seja fértil. É só semear com muito amor, carinho, compreensão que um dia ela germinará.
E é isso, tô feliz, muito feliz por uma amizade que tentei laçar a muitos anos e que só agora consegui dar o nó.
Muito bom, a sensação é muito boa. Vou curtir.

7 comentários:

Graziana Fraga dos Santos disse...

que maravilha Lú!
depois de dias difíceis, sempre vem os de felicidade, acredito muito nisso!
:)

Ana disse...

Nada como o tempo e a maturidade!

Curte muito teus amores!!

Anônimo disse...

nuss, amiga...que história linda...puxa vida, fiquei comovida com tamanha dedicação sua para unir a família...concordo com Edi, pai é o que dá carinho e amor...e seu maridão está de parabéns...beijos e fiquem com Deus...

Anônimo disse...

Com o tempo, toda a rocha vira areia...

Anônimo disse...
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Anônimo disse...
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Anônimo disse...
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