Sakineh Mohammadi Ashtiani, mãe iraniana, pode ser executada a qualquer momento.
9 de julho de 2010: Mohammad Mostafavi, advogado de Sakineh Ashtiani, disse à AFP:
"ainda não fui informado de qualquer suspensão da sentença. Minha cliente continua na prisão."
Uma mulher iraniana encara a morte após ser torturada por um suposto adultério.
Em 2006, Ashtiani foi condenada por ter mantido .relações ilícitas. e recebeu 99 chibatadas. Desde então, esta mulher de 43 anos está na prisão, onde se retratou da confissão feita sob a coerção das chicotadas.
Só recentemente é que ela foi levada ao tribunal e recebeu um novo julgamento. De novo ela foi condenada e, desta vez, apesar de já ter sofrido uma punição, foi sentenciada à morte por apedrejamento. Essa prática desumana envolve enrolar firmemente a mulher, da cabeça aos pés, com lençóis brancos, enterrá-la na areia até os ombros e golpeá-la à morte com pedras grandes.
Ontem, no final da tarde, o governo do Irã negou a informação de que Ashtiani seria executada por apedrejamento, embora sua sentença de morte ainda possa ser levada a cabo por outro método, provavelmente o enforcamento.
Os ativistas dos direitos humanos no Irã, incluindo a Anistia Internacional, duvidam da veracidade dessa declaração e continuam preocupados com o destino de Ashtiani.
Não podemos deixar Ashtiani tornar-se mais uma vítima do tratamento aviltante e desumano dispensado às mulheres no Irã, que se tornou uma realidade cotidiana. Faça sua voz ser ouvida e encoraje outras pessoas a fazer o mesmo
Tome uma atitude contra a prática do apedrejamento; tome uma atitude contra o abuso de mulheres, assine esta petição.
O poder das vozes
De 1982 a 1984, ainda adolescente, fui uma presa política na Prisão Evin, em Teerã. Fui torturada, estuprada e vi meus amigos sofrerem ou até morrerem. Tantas vidas jovens e inocentes devastadas ou perdidas. Mas o mundo continuou como se nada tivesse acontecido. Nós nos sentíamos abandonados e esquecidos em Evin.
Numa quinta-feira de manhã, 25 de março de 2010, um belo dia ensolarado, eu estava no campo de concentração de Auschwitz, na Polônia, e vi uma pequena estrada espremida entre duas fileiras de edifícios de tijolos vermelhos. Em vez dos frágeis galpões de madeira que eu tinha visto nos outros campos, aqueles eram bem construídos e pareciam resistentes. Inúmeros ônibus de excursão estavam no estacionamento, e por toda parte havia turistas de diferentes idades e nacionalidades. Eu fazia parte de uma excursão organizada pelo Centro de Estudos sobre o Holocausto Simon Wiesenthal. Os pássaros cantavam sob o sol pálido, e eu captava no meu fone de ouvido a voz clara de nossa jovem guia turística, Anna, que era competente e profissional - mas eu não estava escutando. Os tijolos de Auschwitz eram quase da mesma cor dos de Evin. Eu estendi a mão para tocá-los, mas as lágrimas me cegaram. Nós tínhamos acabado de ver pilhas com milhares de sapatos das vítimas de Auschwitz, e eu me lembrei que, em Evin, os guardas tomaram meu tênis Puma vermelho e branco, e me deram chinelos de borracha no lugar. Onde estariam os meus tênis e os dos meus amigos? Teriam sido destruídos? Entramos num galpão onde havia uma sala iluminada e espaçosa com uma mesa de madeira no meio e algumas cadeiras ao redor. Anna explicou que aquela sala era usada para julgamentos arbitrários, e que a maioria dos prisioneiros ali julgados eram condenados à morte e executados no pátio atrás do edifício. Na prisão de Evin, o juiz da sharia que me condenara à morte havia provavelmente se sentado numa sala parecida, tomando chá enquanto emitia os veredictos. Minha sobrevivência foi um milagre, mas nem todos tiveram a mesma sorte.
As prisões políticas do Irã, inclusive Evin, ainda estão em relativa operação. No Irã, as pessoas são torturadas e executadas diariamente. Quando as atrocidades acontecem, aqueles que se mantêm em silêncio e não falam ou agem contra o mal viram seus cúmplices. Não podemos esperar que os governos promovam uma mudança verdadeira. Eu acredito no poder do indivíduo. Cada um de nós pode fazer do mundo um lugar melhor, mesmo que seja um passo de cada vez. Podemos criar uma pequena onda que vá crescendo e um dia se transforme em um tsunami.
Sakineh Mohammadie Ashtiani foi condenada à morte no Irã. Como ela, há muitas outras pessoas definhando em celas que mais parecem túmulos, talvez sofrendo mortes excruciantes. Elas não estão sozinhas ou esquecidas. Mesmo que não saibamos os seus nomes, estamos com elas. Não acredito em violência, mas creio no poder das vozes reunidas em uma só. Vamos fazer com que nossas vozes sejam ouvidas.
Marina Nemat é autora de "Prisioneira em Teerã". Seu segundo livro de memórias, .Depois de Teerã., será publicado nos Estados Unidos em setembro.
do site:http://www.liberdadeparasakineh.com.br/
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Um comentário:
amiguinhos assassinos de lula!
85% da população brasileira está a favor destes crimes...
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