Então o telefone toca e me outro filho do outro lado da linha diz: “Mãe, to aqui no hospital com o mano”.
Sabe aquele aperto na boca do estômago? Esta sensação que temos de quando somos surpreendidos, de quando recebemos uma notícia boa ou ruim? Pois é, não muda nunca. Há 25 anos sinto a mesma coisa toda vez que isto acontece.
Aí visto minha carapuça de super mãe e saio voando as tranças pro hospital.
Tá. Lá estava eu de novo naquele mesmo hospital, naquela mesma emergência. Também naquele mesmo banco. Talvez não seja o mesmo, mas continuam duros e desconfortáveis como antigamente.
Meu filho, com crise da anemia novamente. Sempre acho e digo pra todo mundo que isto faz parte da minha vida, que já estou acostumada com esta correria, mas confesso: não estou não.
Fazia muito tempo desde a última crise. Isto é bom sinal, porque antigamente era uma atrás da outra, agora, já não tenho idéia da última, mas acho que faz mais de um ano. Ótimo.
Ótimo enquanto ele tem o remédio pra tomar. Porque quando falta este santo remedinho........ temos que nos preparar.
Preparar pra tudo, pras crises, pra ansiedade, pra espera. Espera na fila do ambulatório, espera no atendimento do SUS, espera que a crise passe o mais rápido possível e que não seja tão forte.
Forte. Finjo, acho que sou. Até acho que sou mesmo, dentro da minha concepção, sei lá.
Antigamente quando tínhamos plano de saúde, toda esta correria parecia ser mais leve (eu tento imaginar assim, mas acho que me engano). Mas agora que estamos novamente dependo do atendimento do SUS, tudo parece pior.
Começo a fingir: tento ver pelo lado bom da coisa, pois conheço muita gente no hospital que trabalhei durante longos anos, fiz ótimas amizades que me socorrem e então......... vai lá Luisa, corre atrás desta gente pra facilitar o atendimento!!!!!
Tá. Mas porque meu sexto sentido não me avisou com antecedência pra eu não vir logo hoje com este salto 10? É o mesmo sapato da maratona.
Tudo bem. É um sapatinho confortável, apesar do salto. Mas pra correr de um lado pro outro, subir e descer escadas atrás dos médicos..... há não, pra isto ele não está apto. Sapato incompetente!
Então consigo resolver tudo: atendimento, comprar lanche pra ele enquanto aguardamos, quase desmaiar ao ver um amontoado de gente de todos os credos, raças e cores amontoados em cadeiras, macas, remédio pra levar, falar com o médico, liberação do filho pra ir pra casa. Ufa!
Enquanto isso, entre um intervalo e outro, sento pacientemente naquele banco duro e espero. Mas bah tchê! nada como uma mulher prevenida e tri arteira como eu. Como sempre ando com minha malinha by Luisa comigo e aproveito pra crochetar muuuuuuiiiiiiito.
Me distrai e acabo não vendo o tempo passar.
Finalmente lá pelas dez horas da noite, depois de muito correr atrás dos médicos, conseguimos liberação.
Há, mas ainda tenho que fazer a janta quando chegar em casa. Isto sim é que é o pior. Tudo bem, agradeço a Deus por ter minha comidinha pra fazer, mas não me importaria de que alguém fizesse pra mim.
Aí, depois de passar uma bela tarde de segunda-feira, sentadinha no banco (simmmmm, aquele, durinho mesmo!), consegui fazer esta simpática echarpe ma-ra-vi-lho-sa!!!!!!!.
E é isso aí companheiros! Seguimos na luta! Agora ele já tem o remédio pra tomar. Então, como as crises são inevitáveis, é torcer pra que no mínimo, sejam leves pra ele e............... que demore muito, muito, muito tempo. E que o governo do estado se dedique mais à saúde e não falte mais remédio pro povo.