"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares.
É tempo de travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos."

Fernando Pessoa







Não sou novela..... mas pode me acompanhar.

segunda-feira, março 12, 2007

Compaixão?




Sempre que passo pelo centro de manhã, entro na igreja pra rezar. Hoje, especialmente, entrei e agradeci a Deus por tudo que tenho. Agradeço sempre pela familia, pelos meus filhos.

Antes de entrar, encontrei um mendigo que fica sempre à porta da igreja, ou pedindo esmola ou implorando pra gente comprar uma vela.

Quase passei direto por ele, mas ele foi tão simpático comigo que resolvi comprar a vela.

Disse ele: "Oi minha véia, compra uma velinha pra uma bicha pobre comprar um café pra tomar."
Peguei a bolsa e ele quis saber o que eu fazia. Conversei uns segundos com ele e entrei na igreja.

Entrei, rezei e quando sai procurei meu lanche na bolsa pra dar a ele, mas ele já tinha saido.

Acredito que foi comprar o café com o dinheiro que eu dei a ele. Foi pra isso que ele pediu gentilmente que eu comprasse a vela.

Muitas pessoas e campanhas publicitárias condenam esta coisa de dar esmola na rua. Mas e aí? é fácil? Dizem: contribua para uma organização séria, de respeito. Como posso saber se para onde estou depositando meu dinheiro, ele terá o destino certo? Talvez até algumas instituições tenham como comprovar isto até que um dia uma LBV da vida aparece no notíciário com escânda-los de que estão ficando ricos as custas das doações.

É muito fácil falar pra fazer o contrário. Dê a esta pessoa bons conselhos, fale que ela não deve pedir esmolas, procurar um emprego, algo que lhe dê auto-estima.

Mas a pessoa com fome, com frio e sem teto tem auto-estima? Quem daria um emprego a um mendigo, mal trapilho, sujo e esfarrapado? Precisa-se muito mais do que isto pra conseguir um emprego, um trabalho. Muitas vezes têm-se até que comprar o bendito.

Aposto que se alguém desse dinheiro a um mendigo e mandase ele próprio comprar sua comida, com certeza ele não conseguiria entrar no estabelecimento. Seria expulso, ou de repente até chamariam a polícia já que ele tem dinheiro que "deduzem" não é seu.

Em algumas ocasiões, ao invés de dar o dinheiro, eu mesma vou ao super mercado compro a comida e entrego a pessoa.

Não é que eu seja a favor de mendigar, não é isto. Mas na hora que aparece aquela pessoa, ou pessoinha na tua frente e diz: "tia compra um pão pra mim que tô com fome?".

Se tenho, compro, dou dinheiro.

O que contradiz com isto que faço é que já fui bem pobre, minha mãe sempre trabalhou pra sustentar os filhos. Criou todos com sacrificio e muito trabalho, o que nos deu esta referência de lutar e correr atrás.

Ela sempre diz com orgulho: "Criei meus filhos praticamente sozinha e nenhum deles saiu ladrão, marginal ou uma filha saiu prostituta. Todos são decentes e batalhadores.

Tivemos uma casa bem pobre, estudo, trabalho e muita dignidade.

Mas com certeza aquele um real que dei hoje, não vai me fazer falta, vai servir muito mais para aquele mendigo comprar o pão, o café ou a cachaça, e vai dar a ele o alívio do seu sofrimento.

Por pena, compaixão, sei lá, eu dou esmola sim.

Acho que é a falta de educação e de respeito com o próximo que impede que esta situação mude.

Ele que faça bom uso do dinheiro que agora é dele.

E aí? O que vocês acham?




6 comentários:

Telejornalismo Fabico disse...

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isso é horrível, lu, mas é uma função que o estado não faz e joga nas nossas costas.

eu parei de dar esmola a há muito tempo.
vi aquelas sacanagens que muitos vêem, do aleijado falso, da mãe que pede leite com criança no colo e vc a vê comprando cigarro, essas coisas.


é duro, faço minha parte em tantas áreas, mas essa é complexa demais pra um cidadão sozinho resolver.




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Graziana Fraga dos Santos disse...

eu parei de dar esmolas na maioria das vezes, mas me parte o coração ver criança pedindo Lú... se é criança não adianta, se tenho, acabo dando...

Anônimo disse...

è uma questão complexa, o governo dá uma miséria de ajuda aos pedintes, estes então tentam fazer algio diferente, mas, honesto para complementar o benefício do governo e às pessoas não contribuem, essas pessoas tem a as mesmas necessidades quie os demais: precisam de comida (não só arroz e feijão), roupa, sapato, estudos... e aí o que é melhor eles te pedirem, te pergunatr se querem comprar bals e/ou chicletes, ou te chegar um revólver e te assaltar?

Maira C disse...

Oi Luisa! Eu também ajudo ele de vez em quando... Já comprei vela, ou dou moedas... Tenho pena dele. Mas, sabe, eu costumo escolher meus mendigos. É...Só dou esmola quando sinto algo...sei lá, sincero. Ajudo principalmente idosos. Mas tem gente muito sacana, que se aproveita. Não dou prá crianças, porque sempre tem um adulto explorador por trás e nem prá mulheres com crianças no colo. Estes são meus critérios... :P

Lu disse...

Gente... acho que o sentimento é de compaixão mesmo. Este mendigo da igreja me parece pior, porque além das pessoas em geral discriminarem os mendigos, ele é gay, aí bate o velho e perpétuo preconceito. Ele deve receber menos ainda que os outros. O povo tem nojo mesmo, nem chega perto. Eu também até "escolho", ás vezes.... dou preferência para os velhinhos e as crianças.... dá uma peninha. Não resisto.

Ana disse...

Não costumo dar esmolas, não! Porque na maioria das vezes sinto uma prepotência de quem pede e isto me incomoda! Não me sinto na "obrigação" de dar, não, e fico muito "P" com o governo, que cobra tantos impostos e é tão corrupto!
Mas reconheço que alguns passam uma sinceridade e estão no limite... nestes casos é difícil resistir.
Se ninguém desse esmolas eles estariam nos albergues e as crianças não estariam nas ruas...
É uma questão triste e difícil ...